sábado, 16 de abril de 2011

Nossa visita ao Espaço Cultural da Marinha

No dia 18 de março, os alunos do ensino médio e fundamental do Colégio Legrand visitaram  o Espaço Cultural da Marinha, localizado no Centro do Rio de Janeiro, como atividade extra classe. Durante a visita, os alunos tiveram  a possibilidade de  embarcar numa fantástica viagem pela história do Brasil e da navegação. 

Na entrada, os alunos conheceram a Galeota Imperial, construída em 1808, quando da vinda da Família Real para o Brasil. A exuberante Galeota, trazida para o Rio de Janeiro em 1809, foi utilizada para transportar D. João VI em seus deslocamentos pela Baía de Guanabara. Foi a bordo da Galeota Imperial que D. João VI deixou as terras brasileiras, em 25 de abril de 1821, em seu retorno a Portugal.

A embarcação permaneceu em uso até os primeiros governos republicanos e fez sua última viagem em 1920, quando transportou a família real da Bélgica, quando de sua vinda ao Rio de Janeiro.
Galeota. Foto: Maria Eduarda

Réplica da Galeota. Foto: Maria Eduarda


Os alunos também puderam conhecer o interior do Submarino Riachuelo, construído em 1973, na Inglaterra pelo estaleiro Vickers Limited, em Barrow-in-Furness, Lancashire e incorporado à Marinha brasileira em 27 de janeiro de 1977.
Interior do Submarino. Foto Maria Eduarda.

O submarino S Riachuelo - S 22 - classe Oberon foi o sétimo navio da Marinha do Brasil a ostentar este nome, em razão da  batalha naval de 11 de junho de 1865 entre a esquadra paraguaia e uma fração da esquadra brasileira, sob o comando do Almirante Barroso, ocorrida nas proximidades de um riacho do mesmo nome, no rio Paraná.

Submarino Riachuelo.  Foto: Evany Bastos
Grupo 701 no Submarino Riachuelo. Foto Maria Eduarda
A importância história do Submarino Riachuelo dá-se em razão das operações marítimas de que participou, como a ATLANTIS, em conjunto com a Marinha do Uruguai e a UNITAS XIX, com as unidades da Marinha dos Estados Unidos, em outubro e novembro de 1978, respectivamente, conquistando o Troféu de Eficiência - "E", instituído pelo Comandante da Força de Submarinos, pelos avanços introduzidos nas técnicas e procedimentos operativos.



O helicóptero Museu-Rei - anti-submarino SH3 “Sea King” (Rei do Mar) também é uma atração a parte. O helicóptero esteve a serviço da Marinha do Brasil até junho de 2005, sendo empregado para detectar submarinos com sonar. Podia, também, ser armado com torpedos, para combater submarinos, ou com mísseis ar-superfície, para atacar navios. Esse tipo de helicóptero foi muito utilizado por Marinhas do mundo inteiro. Era comum vê-los na televisão recuperando cápsulas APOLLO no programa espacial norte-americano. Aliás ele é ótimo para operações de salvamento. Existem vários deles ainda em serviço na Marinha do Brasil.

Foto: Maria Eduarda

Grupo 701 no Helicóptero. Foto: Maria Eduarda
Outro momento de destaque é a visita a réplica da Nau dos Descobrimentos, atracada ao cais do Espaço Cultural.
O modelo construído em escala natural, no ano de 2000, foi entregue à Marinha brasileira quando das comemorações do 5º centenário do descobrimento do Brasil, sendo adaptado  e decorado, por meio de um projeto do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, que se baseou em fontes iconográficas do século XVI.

Com finalidade educativa, a Nau completa como imagem o que é ensinado sobre as Grandes Navegações portuguesas, por meio de palavras, escritas e faladas, nas escolas.
Foto: O Globo

Foto: Maria Eduarda


Welcome to Baia de Guanabara!

Scenario of what became known as "The Last Dance of the Empire, " held a few days before the proclamation of the Republic, the Fiscal Island is still a link between present and past. Decades have passed and the castle, who witnessed so many historical facts, is now a major tourist attraction in Rio de Janeiro.
In the castle open to visitors, the highlights are the turret and wing of Protocol. Three permanent exhibitions are also the attraction Castelinho: The Island History Committee, The Social Contribution of the Navy and Marine Science Contribution.

Currently, the Navy of Brazil gives the option for locals, tourists, foreigners and the general public with a boardwalk that provides not only the visit to Ilha Fiscal, as well as by the beauty of Guanabara Bay, guiding visitors on the importance cultural-historical tourism and various strategic points in the Marvelous City
The boat leaves the Cultural Center of the Navy toward the Fiscal Island, Guanabara Bay, where a guide explains several important points about the occupation of Rio de Janeiro.

Come see this symbol of the last days of the Empire!

Information about the tour:
Departures: Espaço Cultural da Marinha
Address: Avenida Alfredo Agache s / n º, Praça XV, Centro - RJ
Visitation: 5 Monday to Sunday.
Schedule: 13h, 14h30 and 16h.
Ticket Sales: In the days of walking, 11h to 16h.
Value: $ 10.00 - Adults / $ 5.00 - students, children under 12 and adults over 60 years.
Appointments for groups: (21) 2233-9165 or (21) 3870-6992.
Visitation free the 2nd weekend of each month, with distribution of vouchers from 9am at the Cultural Navy.
No tours on the following dates:
• January 1;
• Carnival;
• 6 Good Friday;
• Nov. 2;
• 24, 25 and 31 December.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

E diz Adolpho José Del Vecchio

Del Vecchio. Foto: Revista Museu

"A construção planejada, tendo de ser levantada isoladamente em uma ilha, projetando-se sobre um fundo formado pela caprichosa Serra dos Órgãos, encimada por vasto horizonte, e de frente para a entrada da baía, devia causar impressão agradável aos que penetrassem no porto, suficientemente elevada para que pudesse facilmente ser vista de qualquer ponto entre a mastreação dos navios, e prestar-se ao mesmo tempo à fiscalização do ancoradouro... Arrematei, por pouco tempo, na Praça do Mercado, certa quantidade de cocos da Bahia, já com os brotos, e fí-los transportar para a ilha e plantar em torno; os coqueiros vieram dentro de breve prazo e não tardaram a dar frutos."

Os vitrais da Ilha Fiscal

Os vitrais da Ilha Fiscal são um espetáculo à parte, pela beleza de suas cores e formas. Nas fotos abiaxo podem ser observados:

Na figura 1.: Círculos, linhas curvas abertas e fechadas, linhas retas, linhas mistas, linhas sinuosas, linhas em traço contínuo forte, quadriláteros, triângulos

Na figura 2.: Círculos, linhas retas, linhas curvas abertas e fechadas, linhas mistas, linhas em traço contínuo forte, paralelogramo geral, retângulos, losâgulos, triângulos




Na figura 3.: Círculos, linhas retas, linhas curvas fechadas, linhas mistas, linhas em traço contínuo forte, retângulos, losâgulos, triângulos


Aqui, nossas representações:







Você sabia...

... Que a decisão da construção da Ilha Fiscal, assim como a do seu estilo arquitetônico, foram do Imperador D. Pedro II, tendo em conta não conflitar com a paisagem da Serra do Mar.

... Que optou-se assim por um pequeno castelo em estilo gótico-provençal, inspirado nas concepções do Arquiteto francês Violet-le-Duc, com projeto de autoria de Adolpho José Del Vecchio - então Engenheiro-Diretor de Obras do Ministério da Fazenda -, onde se destacavam as agulhas e as ameias medievais a adornar a silhueta da edificação.

... Que alguns parâmetros técnicos nortearam o projeto de Del Vecchio: os pontos cardeais O-E posicionavam as alas do prédio, assim como o sentido N-S mostrava ao navegante a direção do canal a ser seguido para quem demandava ou saía barra a fora.

... Que  os vitrais, coloridos a fogo, foram importados da Inglaterra, compondo todos os vãos de portas e janelas com emblemas e figuras em estilo gótico do século XVI e mostravam o Imperador, entre os brasões genealógicos da Casa Imperial Brasileira e da Casa de Saxônia, e a Princesa Isabel, entre os brasões da Casa Imperial Brasileira e a Casa de Orléans.

Vitral com Brasão do Imperador. Foto Maria Eduarda

Vitral da Princesa Isabel. Foto: Maria Eduarda
... Que envoltos em artísticas molduras em cantaria, os vitrais dão ao ambiente a austeridade de uma catedral. Rosáceas, também em cantaria, envolvem as figuras da Princesa Regente e do Imperador.

As rosáceas ...
Rosáceas são ornatos de caráter geométrico, cuja denominação provém do processo de estilização do desenho de uma rosa. Sua utilização se remete à cultura romana e se faz presente na arquitetura românica como um simples orifício circular – o óculo. Entretanto, o desabrochar desse elemento se dá nas catedrais góticas constituindo-se, não só, em amplas aberturas circulares em forma de vitrais coloridos, mas também como base de decoração arquitetônica de toda a construção.

Presente nos diversos manuais de desenho em meados do século passado, as rosáceas se constituíam numa preciosa aplicação dos processos de divisão da circunferência em partes iguais - simétricas.

Justamente por essa marcante interação com a geometria e pelo interesse que desperta, a rosácea se torna um elemento importante no processo educacional, abrindo possibilidades de explorar vários conceitos ligados à representação gráfica.

Geometricamente, o Dicionário Aurélio define a rosácea como “Epitrocóide que tem uma forma que lembra a de uma flor com várias pétalas; rosa.” . Neste caso, a definição remete às curvas cíclicas, aquelas geradas pelo movimento de um ponto fixo num círculo que se desloca, sem deslizamento, em relação a uma reta ou a uma circunferência.
Curvas cíclicas do piso em machetaria. Foto: Maria Eduarda
Tratando-se de uma organização regular de elementos geométricos em função da  circunferência e de seu centro, um conceito básico que pode primeiramente ser apontado é o da simetria da rotação.
A simetria da rotação  se caracteriza por uma transformação geométrica na qual uma figura se desloca em torno de um ponto, segundo um ângulo definido. A repetição continuada da transformada, segundo o mesmo ângulo, vai estabelecendo uma organização espacial do tipo radial e que, inevitavelmente, conduz ao conceito do ângulo central.
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Vitral da Ilha Fiscal. Foto: Márcio Cabral
O traçado geométrico preciso das rosáceas implica no resgate dos princípios de divisão da
circunferência em partes iguais. Tal resgate leva aos conceitos de polígonos regulares convexos e não convexos (os estrelados). As rosáceas são figuras derivadas dos polígonos estrelados. Assim como na rosácea, os polígonos estrelados também estão presentes no desenho das mandalas.
Também  é possível gerar uma infinidade de estruturas geométricas em função da divisão da circunferência em partes iguais. Tais estruturas podem ser elaboradas utilizando-se somente linhas retas, apenas linhas curvas, ou a combinação de ambas traçadas, não de  modo aleatório, mas segundo relações geométricas decorrentes da própria trama que vai sendo criada.
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Vitral da Ilha Fiscal. Foto: Teresa Vilhena


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Você sabia...


O Grande Relógio
O Grande Relógio no Torreão. Foto Maria Eduarda
O projeto de Del Vecchio previa a instalação no torreão de um relógio alemão pela empresa Krussmann e Cia., com as quatro faces iluminadas na parte interna do mostrador para as observações noturnas, e permitia melhor visualização da hora local.

As quatro faces permitia aos comandantes dos navios no porto acertarem os seus cronômetros a qualquer hora do dia, independente do sinal de meio-dia, pois os mostradores, com 1,80 de diâmetro, eram visíveis de qualquer parte do ancoradouro, com o óculo de alcance.

O relógio recebe corda duas vezes por semana e funciona perfeitamente até hoje.

No sistema de pára-raios, os elementos do circuito se confundem com peças de arte, incluindo o próprio pára-raios. Ornado com Florões e medindo mais de 70 m de altura, possui uma esfera armilar, de onde parte a agulha.

Rebocador Laurindo Pitta e suas medidas


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RbAM Laurindo Pitta
Classe Laurindo Pitta

C a r a c t e r í s t i c a s
Construção: 1910.
Deslocamento: 293 ton. (leve) e 514 ton (carregado).
Dimensões: 38.73 m de comprimento, 8.0 m de boca e 4.5 m de calado.
Propulsão:
maquina a vapor de tríplice expansão de 850 hp  de potência total - (1910) .
motores Volvo Penta, de 380 hp cada (atualidade)
Tripulação: 34 homens (1910) - 9 tripulantes (atualidade)
Velocidade: máxima de 11 nós - (cerca de 20,4 km/h)
Distintivo numérico*: "1", posteriormente alterado para R14 (unidade costal).
*: Indicativo visual de casco.

Um pouco de História. Você sabia...

Laurindo Pitta ancorado no cais. Foto Marinha do Brasil

...Que o Laurindo Pitta é um rebocador de alto-mar construído em 1910 pelo Estaleiro Vickers, Sons & Maxim, Ltd. em Barrow-in-Furness, na Grã-Bretanha, por encomenda do Governo brasileiro.

... Que seu nome homenageia o Deputado fluminense Laurindo Pitta de Castro ( 1854-1904), um dos grandes defensores do reaparelhamento da Marinha brasileira, no início do século XX e que resultou na aquisição dos Encouraçados São Paulo e Minas Gerais, dos Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e diversos navios menores, como o Guarani.
 ... Que o Laurindo Pitta era uma embarcação respeitável paea sua época, com 514 toneladas de deslocamento, 39 metros de comprimento total, 8 metros de boca, 4,5 metros de calado, máquina a vaopr de tríplice expansão, 850 hp de potência total, 11 nós de velocidade máxima - cerca de 20,4 km - duas chaminés; distintivo numérico "1", depois alterado para R14 e tripulação de 34 homens.
... Que o Pitta é um dos protagonistas de uma segunda e importante parte da história da Marinha brasileira, que chegou a ser uma das maiores do mundo, logo após a Guerra do Paraguai, mas acabou “naufragando” junto com as crises do final do Império e início da República.
... Que o Pitta integrou em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, a Divisão Naval em Operações de Guerra - DNOG, comandada pelo Contra-Almirante Pedro Max Fernando Frontin, composta pelos Cruzadores Rio Grande do Sul e Bahia, os Contratorpedeiros Piauí, Riuo Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina, o Tender Belmonte, todos retirados das divisões que formavam a Esquadra brasileira.

1ª Guerra Mundial. Foto: Marinha do Brasil
... Que coube ao Laurindo Pitta a tarefa de transferir o carvão e a água destilada de um navio auxiliar para outros návios brasileiros durante a operação da força naval brasileira quando do ataque do submarino alemão em agosto de 1918 a formação dos navios brasileiros, no entreito de Dacar, no Senegal e o arquipélogo de Cabo Verde.
... Que em 22 de fevereiro de 1922 o Laurindo Pitta prestou auxílio ao casco do ex-Paquete Alagoas, que havia sido usado no dia anterior como alvo em exercícios de tiro dos Encouraçados São Paulo e Minas Gerais, mas este, mesmo não tendo sido atingido veio a soçobrar devido ao péssimo estado do casco e do mau tempo.
... Que após a Guerra, a embarcação prestou serviço de rebocador ao Arsenal da Marinha do Brasil e a Base Naval do Rio de Janeiro até a década de 1990.
... Que em 1948, o Rebocador Laurindo Pitta prestou socorro ao návio de bandeira inglesa Hopercrost, com fogo a bordo, a 100 milhas de Cabo Frio.
... Que em 1997, a Marinha brasileira restaurou e remodelou o Rebocador Laurindo Pitta, adaptando 90 assentos para passageiros e um compartimento para a apresentação da exposição permanente "A Participação da Marinha na Primeira Guerra Mundial". E desde então, a embarcação tem sido utilizada para cruzar a Baia de Guanabara, transportando os visitantes  que desejam conhecer a Ilha Fiscal.
 
Vista do Laurindo Pitta. Foto: Maria Eduarda

... Que as grandes chaminés do Laurindo Pitta que sugerem a que a embarcação é movida a motor a vapor, não passam de elementos cenográficos, já que depois da restauração o Pitta é movido por dois potentes motores Volvo Penta de 380 hp, cada um.


A llha Fiscal e sua importância

Uma das grandes atrações do roteriro histórico-cultural do Rio é a Ilha Fiscal. Mas não foi sempre assim... Ilha dos Ratos, esse era seu nome, devido a presença daqueles roedores, que teriam migrado da ilha da Madeira, atual ilha das Cobras, após a devastação da vegetação que a caracterizava.

Sob esse nome nada elogioso, existia uma pequena ilha, constituída apenas de um aglomerado de pedras na baia de Guanabara. Mas tarde, aterrada e com outro nome, seria sede da Hidrografia brasileira.

A transformação teria início com o Engenheri Del Vecchio, que construiu, de 1881 a 1889, um dos mais belos monumentos do período imperial no Rio de Janeiro. E o novo nome: Ilha Fiscal, por destinar-se à Alfândega.

No século XIX, o Conselheiro José Antônio Saraiva do Ministério da Fazenda, solicitou construir-se um posto alfandegário para o controle das mercadorias a serem importadas e exportadas pelo porto do Rio de Janeiro, então Capital do Império. A posição daquela ilha era bastante cômoda para os inspetores da Alfândega, devido à proximidade dos pontos de fundeio, sendo que o translado de mercadorias poderia ser executado em embarcações miúdas, sem grandes dificuldades.

O mapa abaixo ilustra a posição estratégica da Ilha Fiscal.
Posição estratégica da Ilha Fiscal. Foto: Marinha do Brasil

Mas a Ilha tornou-se famosa por ter abrigado o último baile da corte, organizado pelo Visconde de Ouro Preto em homenagem à guarnição do encouraçado chileno Almirante Cochrane, em 9 de novembro de 1889.
Com essa recepção, o Império reforçava os laços de amizade com o Chile, bem como tentava reerguer o prestígio da Monarquia, bastante abalado pela propaganda republicana.

O último Baile da Monarquia

O Baile da Ilha Fiscal foi uma festa que mudou o cotidiano da cidade. Cerca de 3 mil pessoas compareceram a festa. A maior festa até então realizada no Brasil ocorreu pouco após a inauguração da ilha.

A ilha estava tão cheia, que não era possível que todos os convidados entrassem no palacete ao mesmo tempo. Mas a comida e bebida eram fartas e requintadas. Duas orquestras tocaram polca e valsa por toda a noite, enquanto os convidados dançavam pela ilha. O som das orquestras preenchiam todos os ambientes, inclusive ao ar livre.

A Ilha foi especialmente decorada e iluminada, inúmeros móveis foram trazidos para festa, principalmente para decorar os salões mais reservados ao Imperador e Princesa Isabel.

A imprensa da época deu grande destaque ao eveneto, noticiando o comportamento dos convidaddos, o luxo e as extravagâncias, curiosidades que ainda atraem historiadores hoje.
O Último Baile.  Tela de Aurélio de Figueiredo. 1905

Cardápio do Baile. Foto: Cozinha e Literatura

Convite do Baile. Foto: Cozinha e Literatura.
A república foi proclamada seis dias depois do baile, e o imperador embarcou no mesmo Cais Pharoux de onde partiam os ferry-boats para levar os convidados para o baile. Vale observar que o cais Pharoux, no centro do Rio, hoje é conhecido como Praça Quinze, onde recentemente recuperaram-se as escadarias utilizadas para o embarque para a Ilha .

Outros momentos importantes...

A Ilha Fiscal também se destaca por outros momentos importantes na história do Brasil.

Em 1893 a Ilha foi tomada de assalto, quando irrompeu a chamada "Revolta da Armada", comandada pelo Almirante Custódio  de Mello, quando parte da Marinha rebelou-se contra o governo do Presidente Floriano Peixoto.

Durante 6 meses a ilha ficou em meio ao duelo de artilharia travado entre as Fortalezas leais ao governo, e os navios e fortalezas da Ilha das Cobras e da ilha de Villegagnon na posse dos revoltosos.

Múltiplos foram os danos sofridos pela edificação da Ilha Fiscal com as paredes atingidas por projetis, agulhas de ferro derrubadas, avarias sérias nos telhados, fiação, móveis partidos além de estragos nos belíssimos vitrais.

Revolta da Armada. Foto: Juan Gutierrez - Museu Histórico Nacional.
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Ilha Fiscal. Foto: Marinha do Brasil
Como as despesas de restauração seriam vultosas, o engenheiro do Ministério da Fazenda Miguel R. Galvão sugeru a entrega da Ilha Fiscal ao Ministério da Marinha, em troca de algum edifício que melhor se prestasse ao serviço da alfândega.

A troca ocorreu em 1913, não por um edifício, mas pelo Vapor Andrada, proposta do Almirante Alexandrino Faria de Alencar, Ministro da Marinha, ao seu colega da Fazenda Dr. Rivadávia Correia.

A partir de 1914, a Marinha fez funcionar nesse local, sucessivamente, a Repartição de Faróis, Repartição Hidrográfica, Repartição Central de Meteorologia, Repartição da Carta Marítima, Superintendência de Navegação, Diretoria de Navegação e finalmente a Diretoria de Hidrografia e Navegação.


A partir de 1998 a Marinha decidiu tornar o edifício aberto ao público e preservá-lo como parte da memória naval e mostrar a contribuição da Marinha Brasileira no desenvolvimento científico, tecnológico e social do Brasil através de exposições permanentes.

Em 1930, a Ilha Fiscal foi ligada à das Cobras por meio de um molhe de concreto transformando-as em duas ilhas geminadas ou, geograficamente, em uma só ilha.

Em 1983, a DHN foi transferida para a ponta da Armação, em Niterói. A última organização militar que permaneceu na Ilha Fiscal foi o Grupamento de Navios Hidroceanográficos, até março de 1998.
O edifício encontra-se tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro desde 1990, tendo passado por diversos trabalhos de restauração desde 2001, coordenados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), quando foram restauradas as pinturas do teto, das paredes e do mosaico do piso de parque do torreão.

Curiosidades...




Palacete da Ilha Fiscal. Foto: Volvo

O palacete da Ilha Fiscal, projetado em 1881, pelo engenheiro Adolfo del Vecchio, foi inaugurado em 27 de abril de 1889 com a presença do Imperador, acompanhado de Gastão de Orleans, Conde d'Eu e brilhante comitiva. 
Em estilo neogótico, com inspiração nos castelos do século XIV, em Auvergne, na França, o projeto foi agraciado com a Medalha de Ouro na exposição da Escola Imperial de Belas, e elogiado pelo Imperador “como um delicado estojo, digno de uma brilhante jóia”, referindo-se a sua privilegiada localização e a beleza da Baía.

Perfeita combinação de arte e engenharia
O palacete conta com duas alas laterais com pequenas torres nas extremidades.
No segundo andar da torre alta fica a sala do então chefe da aduana, um gabinete com um piso ricamente trabalhado com vários tipos de madeiras brasileiras, móveis de jacarandá e ébano, forrados em couro de Córdoba.
Hall de entrada. Foto: Arquitetando meu casamento.
O Hall do palacete é belíssimo, composto de sala de estar e jantar, decoradas com mobiliário do final do século XIX. Mas, originalmente, o hall não era um local construido para eventos sociais, e sim um local de trabalho e fiscalização do porto do Rio de Janeiro. O Capitão dos navios que ali aportassem deveriam levar à aduana um relato da carga que transportavam para a aplicação dos impostos.
O piso é uma obra de arte da marchetaria -  a arte de empregar madeiras incrustadas e aplicadas em peças de marcenaria para formar desenhos variados.  Construído em madeiras de lei brasileiras formando um grande mosaico com o desenho da rosa dos ventos. Foi confeccionado com madeira de quatorze diferentes espécies, algumas extintas como: amendoim, pau-brasil, pau-cetim, peroba-do-campo, tremida, raiz de imbuia e roxinho; outras em extinção como: jacarandás da Bahia, do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de Minas Gerais; outras ainda disponíveis como: canela, imbuia, garapa, pau-marfim, peroba-do-campo e sucupira. Esta obra foi executada pela firma Moreira & Carvalho.

Ali também podem ser admiradas obras de cantária artística em granito fluminense, como o teto em abóbodas ogivais góticas talhadas em pedra, sendo uma perfeita combinação de arte e engenharia.

Trabalho de cantaria. Foto: Vitor Brasil

O trabalho em cantaria  é notavel por ter peças inteiras esculpidas como as varandas acima, e o brasão do monarquia ao centro. A pedras foram trazidas do morro do Pasmado em Botafogo, e o trabalho de cantaria é de Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha, proprietário da pedreira Saudade da Urca. Todo o trabalho foi feito por escravos.
Brasão da Monarquia. Foto: Vitor Brasil
Destaca-se como trabalho excepcional o brasão da monarquia, feito por um auxiliar do Conde, um preto velho que era um verdadeiro artista e que contava com a admiração do Engenheiro Del Vechio. Devido à esta admiração, o Engenheiro lutou pela preservação do brasão, que esteve ameaçado de ser destruído após a Proclamação da República.

... Numa certa manhã, já na República, uma embarcação passava em frente à Ilha Fiscal tendo a bordo Rui Barbosa, Aristides Lobo, Quintino Bocaiúva, Del Vecchio e outros. Ao observarem o brasão, um dos passageiros da lancha declarou:
Nesse momento, Del Vecchio interveio e dirigiu-se aos componentes da comitiva argumentando:
"Como? Pois o Brasil republicano ainda conserva em um próprio nacional as armas da monarquia! Que se o derrube!"
"Não, senhores. Por Deus! Se mereço alguma coisa da República à qual pretendo servir com a mesma lealdade e o mesmo espírito de sacrifício com que servi ao Império, peço que não toquem naquele emblema. É uma obra prima de cantaria. Fê-la um velho auxiliar do Conde Santa Marinha, um preto septuagenário que é um verdadeiro artista. Hoje, cego e desamparado, acredito que ele sofreria bastante se soubesse que o seu trabalho de tão penosos dias fora cruelmente destruído. Por isso, meus senhores, por favor, imploro a conservação do escudo."
Da ocasião, data a consagração do edifício da Ilha Fiscal como imperecível obra de arte e patrimônio de uma era, devido a ostentar decoração inspirada na monarquia.

domingo, 10 de abril de 2011

Ainda há esperança... Será?

Como solução para conter a poluição e recuperar a Baia de Guanabara, o Governo do Rio de Janeiro, assinou em 1994, contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Japonês para Cooperação Internacional para implantação do programa de despoluição da Baia de Guanabara.
Poluição da Baia. Foto G1

O projeto de despoluição da Baía de Guanabara inclui a Baixada Fluminense e São Gonçalo, na Região Metropolitana, que passará a ter uma Estação de Tratamento de Esgoto.
O projeto, com orçamento inicial de US$ 793 milhões, previa atuação em várias frentes, como a racionalização do uso e abastecimento da água, a melhoria dos serviços de coleta de lixo, coleta e tratamento de esgotos sanitários, mapeamento digital da região e o controle de inundações. Entretanto, dezessete anos após a implantação do programa, pouca coisa foi realizada.
Segundo o Centro de Informação da Baía de Guanabara não há um sistema rígido de fiscalização. As irregularidades constatadas durante a fase inicial da obra geraram inúmeros atrasos. Para Sérgio Ricardo, ambientalista da ONG Verdejar, que acompanha desde o início o Programa, afirma que o governo se comprometeu com metas extremamente ousadas que até hoje não foram atingidas. “O governo prometeu a despoluição das 53 praias da Baía de Guanabara, e não ocorreu. Esse programa é uma obra ineficaz, extremamente limitada, e não resolverá o problema”, critica o ambientalista.
Por conta das Olimpíadas, o Governo do Rio tem até 2016 para despoluir a Baía de Guanabara. A previsão da Secretaria Estadual do Ambiente e da Cedae é que as competições de vela dos Jogos sejam realizadas em águas que recebam 80% de esgoto tratado. Para atingir essa meta, estão programadas novas obras, desta vez  orçadas em pelo menos R$ 1,4 bilhão e provenientes de novo financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Ecobarreira do Estado. Foto: JB.

A dragagem de R$ 1,36 trilhão não salvou o ecossistema, onde especialistas acreditam que se regeneram em cerca de 10 anos.

Espécies resistem a poluição

Diariamente milhares de dejetos e litros de esgoto sanitário são despejados na Baia de Guanabara. Mesmo com tanta poluição, alguns peixes e frutos do mar, aves e plantas ainda resistem.
O boto é o único mamífero que ainda frequenta as águas da Baía. As baleias, que utilizavam as águas da Baia para o nascimento de seus filhotes, já não são vistas como antes, assim como não são mais vistas as tartarugas. Entretanto, com muita sorte, é possível ver alguns golfinhos.

Golfinhos na Baia. Foto S. Mazzei - G1
Os camarões estão com sua população extremamente reduzida. Por outro lado, os mexilhões têm proliferado nos pilares da Ponte Rio Niterói. Somente as espécies de algas mais resistentes ainda são vistas nas águas da baía. A pesca, assim como o número de espécies de peixes, decaiu consideravelmente. Dentre os peixes de importância econômica, ainda podem ser pescados o robalo e o badejo.
Os camarões estão com sua população extremamente reduzida. Por outro lado, os mexilhões têm proliferado nos pilares da Ponte Rio Niterói.
Somente as espécies de algas mais resistentes ainda são vistas nas águas da baía. A pesca, assim como o número de espécies de peixes, decaiu consideravelmente. Dentre os peixes de importância econômica, ainda podem ser pescados o robalo e o badejo.


Margem do Canal do Fundão - Foto: Siteconnect

Mas você comeria um peixe vindo diretamente da Baia de Guanabara? Não é perigoso?
Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro diz que não. Segundo os pesquisadores da Universidade, comer peixes e frutos do mar da Baía de Guanabara pode ser menos perigoso do que se imagina.
Afirma a pesquisa que os níveis de metilmercúrio nos peixes que habitam a baía estão bem abaixo do limite máximo permitido pela atual legislação brasileira -- 1 micrograma de mercúrio (Hg) por grama de tecido fresco.
Essa baixa concentração de mercúrio nos seres vivos seria resultante da grande quantidade de material particulado em suspensão na coluna d'água, como esgoto doméstico, plantas, pedaços de pau e animais mortos, que têm a capacidade de 'diluir' o mercúrio lançado na baía pelas indústrias. Além disso, com o tempo, todas as partículas presentes na coluna d'água se sedimentam no fundo da Baía. Outro fator é a presença de nutrientes, como carbono, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre na baía. "Onde há muitos nutrientes e matéria orgânica, ocorre o nascimento de muitos organismos que podem incorporar o mercúrio", explica Helena pesquisadora da UFRJ, correntes marinhas do Oceano Atlântico que entram diariamente na Baía de Guanabara possibilitam a renovação de oxigênio, a troca e a 'limpeza' das águas.
 
Foto: Verde Fato
Quanto às plantas, a Área de Proteção Ambiental de Guapimirim é um dos fatores responsáveis pela biodiversidade resistente na Baia. A região tem um dos poucos trechos de manguezal na Baía e que permanecem sem a interferência humana.
Entretanto, o aterro de lixo de Gramacho, por exemplo, está localizado impropriamente numa área de manguezais.
A disposição do lixo ao longo dos anos destruiu praticamente toda a área central da vegetação nativa composta por manguezais. Entretanto, os mangues periféricos próximos da baía ainda resistem graças a projetos de recuperação do ecossistema local. A Comlurb, que administra o aterro desde 1996, protege e recupera os manguezais periféricos através do projeto de replantio e proteção das novas mudas de mangues, com a construção de barreiras de contenção, que impedem a presença do lixo, proveniente dos rios Iguaçu e Sare Sarapuí, e da própria Baia de Guanabara.
Foto: Alberto Marques