... Que a decisão da construção da Ilha Fiscal, assim como a do seu estilo arquitetônico, foram do Imperador D. Pedro II, tendo em conta não conflitar com a paisagem da Serra do Mar.
... Que optou-se assim por um pequeno castelo em estilo gótico-provençal, inspirado nas concepções do Arquiteto francês Violet-le-Duc, com projeto de autoria de Adolpho José Del Vecchio - então Engenheiro-Diretor de Obras do Ministério da Fazenda -, onde se destacavam as agulhas e as ameias medievais a adornar a silhueta da edificação.
... Que alguns parâmetros técnicos nortearam o projeto de Del Vecchio: os pontos cardeais O-E posicionavam as alas do prédio, assim como o sentido N-S mostrava ao navegante a direção do canal a ser seguido para quem demandava ou saía barra a fora.
... Que os vitrais, coloridos a fogo, foram importados da Inglaterra, compondo todos os vãos de portas e janelas com emblemas e figuras em estilo gótico do século XVI e mostravam o Imperador, entre os brasões genealógicos da Casa Imperial Brasileira e da Casa de Saxônia, e a Princesa Isabel, entre os brasões da Casa Imperial Brasileira e a Casa de Orléans.
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Vitral com Brasão do Imperador. Foto Maria Eduarda |
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Vitral da Princesa Isabel. Foto: Maria Eduarda |
... Que envoltos em artísticas molduras em cantaria, os vitrais dão ao ambiente a austeridade de uma catedral. Rosáceas, também em cantaria, envolvem as figuras da Princesa Regente e do Imperador.
As rosáceas ...
Rosáceas são ornatos de caráter geométrico, cuja denominação provém do processo de estilização do desenho de uma rosa. Sua utilização se remete à cultura romana e se faz presente na arquitetura românica como um simples orifício circular – o óculo. Entretanto, o desabrochar desse elemento se dá nas catedrais góticas constituindo-se, não só, em amplas aberturas circulares em forma de vitrais coloridos, mas também como base de decoração arquitetônica de toda a construção.
Presente nos diversos manuais de desenho em meados do século passado, as rosáceas se constituíam numa preciosa aplicação dos processos de divisão da circunferência em partes iguais - simétricas.
Justamente por essa marcante interação com a geometria e pelo interesse que desperta, a rosácea se torna um elemento importante no processo educacional, abrindo possibilidades de explorar vários conceitos ligados à representação gráfica.
Geometricamente, o Dicionário Aurélio define a rosácea como “Epitrocóide que tem uma forma que lembra a de uma flor com várias pétalas; rosa.” . Neste caso, a definição remete às curvas cíclicas, aquelas geradas pelo movimento de um ponto fixo num círculo que se desloca, sem deslizamento, em relação a uma reta ou a uma circunferência.
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Curvas cíclicas do piso em machetaria. Foto: Maria Eduarda |
Tratando-se de uma organização regular de elementos geométricos em função da circunferência e de seu centro, um conceito básico que pode primeiramente ser apontado é o da simetria da rotação.
A simetria da rotação se caracteriza por uma transformação geométrica na qual uma figura se desloca em torno de um ponto, segundo um ângulo definido. A repetição continuada da transformada, segundo o mesmo ângulo, vai estabelecendo uma organização espacial do tipo radial e que, inevitavelmente, conduz ao conceito do ângulo central.
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Vitral da Ilha Fiscal. Foto: Márcio Cabral |
O traçado geométrico preciso das rosáceas implica no resgate dos princípios de divisão da
circunferência em partes iguais. Tal resgate leva aos conceitos de polígonos regulares convexos e não convexos (os estrelados). As rosáceas são figuras derivadas dos polígonos estrelados. Assim como na rosácea, os polígonos estrelados também estão presentes no desenho das mandalas.
Também é possível gerar uma infinidade de estruturas geométricas em função da divisão da circunferência em partes iguais. Tais estruturas podem ser elaboradas utilizando-se somente linhas retas, apenas linhas curvas, ou a combinação de ambas traçadas, não de modo aleatório, mas segundo relações geométricas decorrentes da própria trama que vai sendo criada.
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Vitral da Ilha Fiscal. Foto: Teresa Vilhena |