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domingo, 10 de abril de 2011

Ainda há esperança... Será?

Como solução para conter a poluição e recuperar a Baia de Guanabara, o Governo do Rio de Janeiro, assinou em 1994, contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Japonês para Cooperação Internacional para implantação do programa de despoluição da Baia de Guanabara.
Poluição da Baia. Foto G1

O projeto de despoluição da Baía de Guanabara inclui a Baixada Fluminense e São Gonçalo, na Região Metropolitana, que passará a ter uma Estação de Tratamento de Esgoto.
O projeto, com orçamento inicial de US$ 793 milhões, previa atuação em várias frentes, como a racionalização do uso e abastecimento da água, a melhoria dos serviços de coleta de lixo, coleta e tratamento de esgotos sanitários, mapeamento digital da região e o controle de inundações. Entretanto, dezessete anos após a implantação do programa, pouca coisa foi realizada.
Segundo o Centro de Informação da Baía de Guanabara não há um sistema rígido de fiscalização. As irregularidades constatadas durante a fase inicial da obra geraram inúmeros atrasos. Para Sérgio Ricardo, ambientalista da ONG Verdejar, que acompanha desde o início o Programa, afirma que o governo se comprometeu com metas extremamente ousadas que até hoje não foram atingidas. “O governo prometeu a despoluição das 53 praias da Baía de Guanabara, e não ocorreu. Esse programa é uma obra ineficaz, extremamente limitada, e não resolverá o problema”, critica o ambientalista.
Por conta das Olimpíadas, o Governo do Rio tem até 2016 para despoluir a Baía de Guanabara. A previsão da Secretaria Estadual do Ambiente e da Cedae é que as competições de vela dos Jogos sejam realizadas em águas que recebam 80% de esgoto tratado. Para atingir essa meta, estão programadas novas obras, desta vez  orçadas em pelo menos R$ 1,4 bilhão e provenientes de novo financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Ecobarreira do Estado. Foto: JB.

A dragagem de R$ 1,36 trilhão não salvou o ecossistema, onde especialistas acreditam que se regeneram em cerca de 10 anos.

Espécies resistem a poluição

Diariamente milhares de dejetos e litros de esgoto sanitário são despejados na Baia de Guanabara. Mesmo com tanta poluição, alguns peixes e frutos do mar, aves e plantas ainda resistem.
O boto é o único mamífero que ainda frequenta as águas da Baía. As baleias, que utilizavam as águas da Baia para o nascimento de seus filhotes, já não são vistas como antes, assim como não são mais vistas as tartarugas. Entretanto, com muita sorte, é possível ver alguns golfinhos.

Golfinhos na Baia. Foto S. Mazzei - G1
Os camarões estão com sua população extremamente reduzida. Por outro lado, os mexilhões têm proliferado nos pilares da Ponte Rio Niterói. Somente as espécies de algas mais resistentes ainda são vistas nas águas da baía. A pesca, assim como o número de espécies de peixes, decaiu consideravelmente. Dentre os peixes de importância econômica, ainda podem ser pescados o robalo e o badejo.
Os camarões estão com sua população extremamente reduzida. Por outro lado, os mexilhões têm proliferado nos pilares da Ponte Rio Niterói.
Somente as espécies de algas mais resistentes ainda são vistas nas águas da baía. A pesca, assim como o número de espécies de peixes, decaiu consideravelmente. Dentre os peixes de importância econômica, ainda podem ser pescados o robalo e o badejo.


Margem do Canal do Fundão - Foto: Siteconnect

Mas você comeria um peixe vindo diretamente da Baia de Guanabara? Não é perigoso?
Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro diz que não. Segundo os pesquisadores da Universidade, comer peixes e frutos do mar da Baía de Guanabara pode ser menos perigoso do que se imagina.
Afirma a pesquisa que os níveis de metilmercúrio nos peixes que habitam a baía estão bem abaixo do limite máximo permitido pela atual legislação brasileira -- 1 micrograma de mercúrio (Hg) por grama de tecido fresco.
Essa baixa concentração de mercúrio nos seres vivos seria resultante da grande quantidade de material particulado em suspensão na coluna d'água, como esgoto doméstico, plantas, pedaços de pau e animais mortos, que têm a capacidade de 'diluir' o mercúrio lançado na baía pelas indústrias. Além disso, com o tempo, todas as partículas presentes na coluna d'água se sedimentam no fundo da Baía. Outro fator é a presença de nutrientes, como carbono, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre na baía. "Onde há muitos nutrientes e matéria orgânica, ocorre o nascimento de muitos organismos que podem incorporar o mercúrio", explica Helena pesquisadora da UFRJ, correntes marinhas do Oceano Atlântico que entram diariamente na Baía de Guanabara possibilitam a renovação de oxigênio, a troca e a 'limpeza' das águas.
 
Foto: Verde Fato
Quanto às plantas, a Área de Proteção Ambiental de Guapimirim é um dos fatores responsáveis pela biodiversidade resistente na Baia. A região tem um dos poucos trechos de manguezal na Baía e que permanecem sem a interferência humana.
Entretanto, o aterro de lixo de Gramacho, por exemplo, está localizado impropriamente numa área de manguezais.
A disposição do lixo ao longo dos anos destruiu praticamente toda a área central da vegetação nativa composta por manguezais. Entretanto, os mangues periféricos próximos da baía ainda resistem graças a projetos de recuperação do ecossistema local. A Comlurb, que administra o aterro desde 1996, protege e recupera os manguezais periféricos através do projeto de replantio e proteção das novas mudas de mangues, com a construção de barreiras de contenção, que impedem a presença do lixo, proveniente dos rios Iguaçu e Sare Sarapuí, e da própria Baia de Guanabara.
Foto: Alberto Marques